Se há o pouco e a loucura, há a cura de viver. Pra tudo há remédio é o que se pensava. Um oposto, antagonia.
Se há problema, há solução.
Tristeza, alegria, bagunça, harmonia.
Mas há quem ignore o indefinível.
Quando já não sei o que é chave, o que é fechadura, o que está escancarado. Se é sangue ou pele, ou cicatriz.
Dá pra acordar ou dormir. Mas dá também pra fechar os olhos de dia, ou varar a noite sonâmbulo.
E essas coisas que não são nem isso e nem aquilo, a graça do mundo ou envelhecer.
É o maleável, o fundo do rio que não se alcança, a gente busca um aconchego pra ver se tudo acalma.
Mas neutralidade conversa muito mais com radicalismo do que um extremo ou outro.
Da borda se enxerga algo mas no meio da PLANÍCIE o horizonte DEPRIME muito mais que qualquer assovio de cordilheira ou abismo.
E enumera muito mais possibilidades.
Eu as vejo, e não escolho.
Pra onde ruma isso tudo, pra onde a gente navega, pra onde e de onde e como e por que.
No fim são sete horas da manhã, você esta numa padaria, olhando gente desinteressante e sorrindo ironicamente.
Tomando SUCO de LARANJA.
Tá ali, lamentando o conforto de não tomar qualquer decisão.
Esperando o milagre, a epifania, o RAIO das mãos de algum DEUS que você há muito tempo abandonou.
Você deixa a barba por fazer, ou você escuta outra música, ou você resolve inventar sentimentos por alguém que esteja ao seu alcance.
Vive de minúcias.
Acha tudo muito corajoso.
E segue no respiro, no suadouro, no viver.
No aguardo de uma conclusão.
sexta-feira, maio 29, 2009
O mundo e seus enfermos sem remédio.
Gira e abunda, voltas lúcidas do peão.
Eu aclamo, ah que delicioso esse tédio.
Mas pro outro lado, giram as horas?
Não.
Na avenida a folia, afoita, abarrotada
A multidão que persiste, guerreira.
O samba que sobra, não se dobra por nada
E meia volta, pergunta o rouco, é possível na ladeira?
Gira e abunda, voltas lúcidas do peão.
Eu aclamo, ah que delicioso esse tédio.
Mas pro outro lado, giram as horas?
Não.
Na avenida a folia, afoita, abarrotada
A multidão que persiste, guerreira.
O samba que sobra, não se dobra por nada
E meia volta, pergunta o rouco, é possível na ladeira?
Não.
segunda-feira, maio 25, 2009
Excedi o Twitter em 10 caracteres.
Sabe como é sonhar com o ABSURDO, visualizar o INCONCEBÍVEL, acordar no momento CHAVE e mesmo assim ter uma estranha sensação de que tudo fez sentido?
domingo, maio 24, 2009
Tentei avançar, recuei
Tentei acusar, tropecei
Tentei não me importar, sublinhei
Tentei o pouco, fiz demais, afastei
A vida dos outros, tentei
Poeira fiz uso, não avistei
Ser lúcido, ser calvo, intelectual, falhei.
Supersticioso, da fé escapei.
De mim mesmo fiz tanto, com os olhos dos outros, olhei.
E de mim desencontro, o resto de ser o que outros, sonhei.
Tentei acusar, tropecei
Tentei não me importar, sublinhei
Tentei o pouco, fiz demais, afastei
A vida dos outros, tentei
Poeira fiz uso, não avistei
Ser lúcido, ser calvo, intelectual, falhei.
Supersticioso, da fé escapei.
De mim mesmo fiz tanto, com os olhos dos outros, olhei.
E de mim desencontro, o resto de ser o que outros, sonhei.
quinta-feira, maio 21, 2009
quinta-feira, maio 14, 2009
Adendo Legislativo nº 1.
Pessoas munidas de guarda-chuva ficam impedidas de disputar espaço debaixo das marquises.
sábado, maio 02, 2009
Alto relevo.
Era tudo noite e um estrelado que brilhava ainda dentro do galpão fechado. A música e seu volume duelando o entendimento, as luzes e o ritmo de tudo mais corriam pra muito além do que eu via.
Eu estava lá esgoelado, morto, semi-consciente, as pernas sob o comando do coletivo. Ainda teimava pelo corredor do eco craniano um restolho de alcool e umas memórias desimportantes. O conjunto de tudo e o retrato em movimento era um amontoado de sombras embaçadas.
Eu já residia calmo no conformismo de uma noite costumeira quando fui assaltado pelo sorrateiro e surpreendente: o inesperado.
Brotou em meio aos vultos, como que num milagre, um vestido púrpura e o desenho sinuoso que lhe preenchia.
Escorria pela multidão como que se ali não pertencesse, ou, ao contrário, fosse lá a morada do organismo e dos reflexos.
Não sei direito.
Só sei, e era a única coisa que eu me permitiria saber, que eu era obstáculo certo na trajetória dela.
Resfoleguei no quase cômico de mim mesmo e fiz que empinei as pernas. Botei os pés junto dos calcanhares e senti-me respirar.
Era bom.
Ela vinha tranquila, quase vacilava, mas persistia em desobedecer o escorregadio do suor. A gentarada toda amontoada na confusão de ser um só, mas não eu.
Eu estava a salvo.
Por um segundo ela para e olha pro outro lado. "O lado errado" penso eu e meu corpo se esvai no estremecer de ter me enganado. Contudo, antes mesmo do pensar concluir meu raciocínio ela já retorna e segue o meu caminho.
Sinto-me a ponto de deixar a ansiedade abrir meus braços para acolhê-la. Me contenho num relâmpago da consciência, graças a deus a prudência me socorre.
Eu olho.
Ela corresponde.
E continua.
Nisso eu já buscava controlar as inventividades e os planos pro futuro. Paisagens e belas histórias e aquela mulher impossível que insistia em caminhar como se pudesse existir.
O tempo se esgotava e a proximidade era o abismo mínimo e máximo do primeiro diálogo. O crucial da oportunidade e aquele carrossel de palavras na minha boca.
Eu não disse nada.
Não precisei.
Ela tomou o meu ombro suavemente, puxou a orelha de encontro a sua boca e cochichou o murmúrio que ainda visito quando me acomete a nostalgia:
"Com licença"
E se foi.
Emudeci um silêncio quase perpétuo e abri passagem.
Ela escoou pelo resto de qualquer que fosse aquela maldita jornada.
E sumiu no anoitecer de tudo.
Eu estava lá esgoelado, morto, semi-consciente, as pernas sob o comando do coletivo. Ainda teimava pelo corredor do eco craniano um restolho de alcool e umas memórias desimportantes. O conjunto de tudo e o retrato em movimento era um amontoado de sombras embaçadas.
Eu já residia calmo no conformismo de uma noite costumeira quando fui assaltado pelo sorrateiro e surpreendente: o inesperado.
Brotou em meio aos vultos, como que num milagre, um vestido púrpura e o desenho sinuoso que lhe preenchia.
Escorria pela multidão como que se ali não pertencesse, ou, ao contrário, fosse lá a morada do organismo e dos reflexos.
Não sei direito.
Só sei, e era a única coisa que eu me permitiria saber, que eu era obstáculo certo na trajetória dela.
Resfoleguei no quase cômico de mim mesmo e fiz que empinei as pernas. Botei os pés junto dos calcanhares e senti-me respirar.
Era bom.
Ela vinha tranquila, quase vacilava, mas persistia em desobedecer o escorregadio do suor. A gentarada toda amontoada na confusão de ser um só, mas não eu.
Eu estava a salvo.
Por um segundo ela para e olha pro outro lado. "O lado errado" penso eu e meu corpo se esvai no estremecer de ter me enganado. Contudo, antes mesmo do pensar concluir meu raciocínio ela já retorna e segue o meu caminho.
Sinto-me a ponto de deixar a ansiedade abrir meus braços para acolhê-la. Me contenho num relâmpago da consciência, graças a deus a prudência me socorre.
Eu olho.
Ela corresponde.
E continua.
Nisso eu já buscava controlar as inventividades e os planos pro futuro. Paisagens e belas histórias e aquela mulher impossível que insistia em caminhar como se pudesse existir.
O tempo se esgotava e a proximidade era o abismo mínimo e máximo do primeiro diálogo. O crucial da oportunidade e aquele carrossel de palavras na minha boca.
Eu não disse nada.
Não precisei.
Ela tomou o meu ombro suavemente, puxou a orelha de encontro a sua boca e cochichou o murmúrio que ainda visito quando me acomete a nostalgia:
"Com licença"
E se foi.
Emudeci um silêncio quase perpétuo e abri passagem.
Ela escoou pelo resto de qualquer que fosse aquela maldita jornada.
E sumiu no anoitecer de tudo.
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