segunda-feira, novembro 23, 2009

A semelhança das ausências e das saudades todas eu explico:

É de mim mesmo, é claro.

sábado, novembro 21, 2009

A fúria de arder e aí acordar, sentar pra comer, tomar um café, pensar em você.

E escutar no rádio a previsão do tempo:

Chuva não vem.

segunda-feira, novembro 16, 2009

A palavra sim. Essa tem momento. O tempo da palavra certa não volta jamais.

quarta-feira, novembro 11, 2009

"A glória noturna de ser grande não sendo nada!"

Os últimos meses da minha vida foram os mais diferentes pelos quais já passei. As dimensões das minhas atitudes ultrapassando em larga escala uma série de barreiras emocionais que sempre procurei respeitar e obedecer deram azo à consequências das mais diversas.

Fui ofendido em larga escala por conta de querer investigar um pouco mais de mim mesmo nos outros.

Fui chamado de idiota, bandido (!) e uma série de adjetivos que não julgava ser possível que se aplicassem a minha pessoa.

Algumas delas definitivamente da boca pra fora.

Outras não.

Eu ainda acho que não faço jus a essas ofensas, muito embora tenham sido proferidas com tanta convicção em alguns casos que passei a questionar-me.

Por isso estou me retirando temporariamente do experimentalismo.

Afinal o que posso fazer comigo sem consequências a ninguém faço há muito tempo e está restrito ao campo da imaginação.

Só posso de todo modo me entregar ao clichê mais banal e dizer:

Faria tudo novamente, até por que os frutos colhidos ultrapassam em muito os obstáculos.

Fui premiado com algumas amizades e experiências incríveis.

De todo modo os ESPINHOS estão aqui FINCADOS e eu não os retiro.

Apenas os contemplo, querendo saber como e por qual razão vieram.

sábado, novembro 07, 2009

Acordou mas não se deu conta. Não tão rápido. Era quase madrugada e o avião balançava levemente, fazendo gracejo, imitando um navio. Piscou os olhos e acostumou-se com a pouca luz. Finalmente virou pro lado ainda bocejando e viu uma moça que também acordava. Ela olhou que ele olhava. Sorriu. Ele também. O avião faria parada em Curitiba e seguiria para Foz do Iguaçú. Ele desceria em Curitiba. Ela em Foz. Eles ficaram se olhando alguns segundos. Alguma coisa tinha acontecido e eles estavam se investigando. Procurando saber o quê era. Então a primeira chacoalhada. E a segunda. O aviso de apertar os cintos acendeu simultaneamente com a queda das máscaras. Os bagageiros abriram, malas e roupas e livros espalharam-se rapidamente por sobre as pessoas. Ele estava aflito mas conseguiu alcançar a máscara, puxou a primeira golfada amarga de oxigênio e olhou para o lado. Ela havia batido a cabeça e estava inconsciente. Ele alçou-lhe a máscara como pôde e sentiu-a respirar. Olhou em volta, a maioria das pessoas espremia os olhos. Provavelmente estavam rezando. Ele era ateu. Não tinha Deus algum com quem se comunicar. Havia uma mulher ao seu lado e ela estava inconsciente. "Esse avião vai cair, essa bosta desse avião vai cair". Começou a lacrimejar. A mulher não acordara. Ele a observou por alguns poucos segundos desejando fervorosamente que ela acordasse. Que ela encontrase o seu olhar. Aquele avião iria cair. Aquela mulher que não acordava. Então subitamente ele tirou a própria máscara e a dela. E a beijou. Beijou-a o tempo que conseguiu e quando abriu os olhos ela estava acordada. Ela sorriu. Ele também. O avião não pousou em Curitiba. Nem em Foz do Iguaçú.