Doa a quem doer, a verdade corroe cadáveres que ainda estão por nascer.
Doa a quem doer, somos feitos da mesma miséria e do mesmo empalidecer.
Doa a quem doer, se tantos somos, somos muitos sem podermos ser.
Sem podermos ser pouco, ao menos um perdido sorriso rouco.
Ao menos um vislumbre do cego que entardece sem saber.
Doa a quem doer, vive-se a velhice sem ao menos envelhecer.
Morremos vagarosos, preguiçosos de apodrecer.
E não se conteste, doa a quem doer, por amor apodrecemos convencidos de enobrecer.
E enobrecemos tão somente quando morremos convencidos de viver.
Doa a quem doer, de concreto não temos nada, nunca teremos e nem iremos ter.
Doa a quem doer a vida é uma orquestra sem maestro que maestramos sem saber.
Doa a quem doer, todas as dores pleiteamos intumescidos pelo sofrer.
Sofrendo um sopro vago, carente de muito pouco, mas tanto que impossível não se render.
Doa a quem doer, a rachadura de todas as almas compreende um enaltecer.
Enaltecemos e corrompemos, sofrendo pelo gosto de assim durar e assim jazer.
O ser humano é um reflexo dos paradoxos por si mesmo criados para tranquilo perecer.
E tristemente somos patéticos, somos a semente do câncer, somos o fim e o começo do que nunca alcançaremos.
Somos um tumor.
Doa a quem doer.
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5 comentários:
Brincar e com verbos rimar
É uma coisa que posso tentar.
se vc me permite caro osso,
o final pode ser melhorado
Mas "sorriso rouco" é simplesmente demais!! Isso veio de onde? (nao estou dizendo q vc copiou, estou perguntando mesmo de onde vc tirou essa linda imagem)
que voce e todas os seus descendentes sejam ricos, saudáveis e felizes!!! :)
oupa n era pra ser anonimo, apertei o enter sem querer!!
Concordo que o final pode ser melhorado, mas eu sempre tenho PRESSA em finalizar as coisas.
Hei de LAPIDAR tudo isso.
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