Ainda quero.

Lá na esquina, lá na esquina.
Dobram as curvas da agonia.
Naquela metade que nunca vem.
Vão os vultos do que não tenho.

Uma sombra, uma sobra.
Uma volta na multidão.
Um canto que ainda paira.
Que gira sem direção.

Pois lá na esquina, uma neblina.
Um parapeito sem corrimão.
Um salto raso no vazio.
E o sorriso, sem colisão.

Ânsia.

Tudo o que sinto é angústia.
Nem mesmo que seja de não poder ou conseguir.
É apenas a ânsia de não saber nem mesmo a razão de sentir.

Tudo o que sinto, o peito me entope.
Me dói e me sofre esse sorrir.
Como se o próprio amor se revelasse torpe.
E se tudo o mais não prestasse, somente partir.

Tudo o que sinto, assim me padece.
Pela simples condição de assim me fingir.
Essa loucura rasteira que a muitos envaidece.
Em mim acende o terror, esse vômito engasgado.

Que é existir.

Reflexões de um fim de tarde.

Osso diz:
A vida de qualquer pessoa é ilusão.
Osso diz:
Ela começa, se vai e o que é que sobra?
Osso diz:
NADA
Osso diz:
LHUFAS.
Osso diz:
Igual uma ilusão qualquer.
Osso diz:
Só sobra mesmo a impressão dos outros.
Osso diz:
E o coletivo dessas impressões é o que as pessoas chamam de HISTÓRIA.
Osso diz:
Um enorme amontoado de ilusões coletivas.

Causa da morte

Morri de (falta de) vontade.

Por favor.

Alguém me retire dessa redoma de expectativas.