terça-feira, junho 29, 2010

É só porque a gente gosta de se entristecer. E de descobrir uma fonte singular de tristeza. E não compartilhar isso com absolutamente mais ninguém, porque a singularidade da fonte faz a singularidade da nossa tristeza e então, não mais do que de repente, nos faz singulares também.

domingo, junho 20, 2010

Era plena madrugada quando tocou o telefone. Ela atendeu. Alguém disse alô. Ela perguntou. Quem é? Um homem, ele respondeu.

Ela parou pra pensar. E então disse. Não estou vendo nenhum homem. Então ele disse. Pra falar a verdade, nem eu.

E desligou.
Era o pesadelo de conhecer a grandeza sem vivê-la
Era envelhecer atento à consciência se curvando à realidade
Era saber um pouco da palavra sem saber a poesia
Era a merecida salva de tiros, o estertor caprichoso da juventude
Era a tristeza se condoendo na sala, na dor de não entristecer mais ninguém.