E aí a gente acorda no meio da noite sussurando sem nem saber por quê.
E quando se depara com esse imenso abismo, e quando se pergunta por que diabos o amor serpenteou num repente sem explicação, e quando se joga num buraco entupido de merda e aflição perguntando por que o coração navega sempre no rumo mais desorientado.
E quando parece que a vida inteira vestiu-se de comediante e largou no ar uma silenciosa ironia.
Aí?
Aí eu corro.
Corro sentindo o desespero ritmar os passos. E a existência como um todo junta-se num único momento.
E desaba sobre mim sem produzir um único ruído.
...
O eco das indagações ainda ressoa.
O silêncio me abraça, piedoso.
Ás vezes ouço um grito perdido no meio dessa infinitude.
E então eu sigo as migalhas cruéis da esperança.
Mas aquele retrato esmagado permanece.
E os anos TODOS que temos pela FRENTE parecem ARAMES enterrados nos nossos corpos.
Sorrio quando um punhado furtivo de lágrimas me surpreende.
Eu conto uma por uma, sem descobrir a razão.
Os movimentos seguintes são quase imperceptíveis.
Não sou eu quem empunha.
Não sou eu quem aperta o gatilho.
Não sou eu quem se encontra com o perfume da pólvora.
Nunca somos nós quando a covardia nos recorta o vigor da alma.
Pois não sou eu quem se estende de bruços no chão coberto por um vermelho inexpressivo.
Eu sempre estive aqui, pairando no céu.
Esperando que a pior parte de mim mesmo, retornasse para o seu refúgio.
terça-feira, janeiro 24, 2006
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2 comentários:
Estou PUTO. É ÓBVIO que a culpa não é sua, ou que você não tem PORCARIA ALGUMA a ver com isso, mas estou PUTÍSSIMO. E precisava dizer isso para alguém.
CARALHO.
Somente duas palavras a respeito. MUITO BOM.
Muito bom mesmo, as vezes me deparo com certa INVEJA do seu estilo. Bacana mesmo.
Abs
Jader
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