Às vezes sinto-me só.
Rodeado por amigos e conversas.
Todos sós.
Estamos sós nesse mundo.
Inebriados por reflexos de uma imensa e cristalina rocha.
Os diálogos são sempre dirigidos pela necessidade de falar, conduzidos por surdos eloquentes.
Nunca se produzirá uma conversa de ouvintes.
Pois estamos sós.
Somos um plural, um coletivo vinculado por uma lei muito simples.
Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço.
Dois corpos que estão sempre sós.
E a curiosidade reside numa observação naturalmente simples.
Se ocupássemos o mesmo lugar, estaríamos absolutamente sós.
Pois seríamos um só.
Podemos nos esforçar, mas a solidão é uma neblina inesgotável.
Nos resta vivenciar alguns doces espasmos da solidão alheia.
Estes segundos épicos em que uma existência toma a outra na sua solidão particular.
Noutro dia, alguém definiu isso como amor.
Por isso amar é algo tão silencioso.
Não há necessidade de palavras.
Há apenas um longo e delicioso diálogo de ouvintes.
segunda-feira, janeiro 30, 2006
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Um comentário:
é...
porrada na cara!!
Muito contundente e, justo por isso, muito real e, portanto, admirável.
Lembrar-me-ei de ter mais consição nas nossas conversas. Sempre falo demais, não é?
Experimentemos pois, ouvirmos mais nossos silêncios... retilíneos, reticentes, regulares... REDENTORES
Abraço exageradamente forte, dear friend!
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