segunda-feira, março 20, 2006

Às vezes me sinto como pedaços de papel.

Às vezes eu respiro e o fôlego me abandona.

É sempre assim.

Essa falta de ar, a angústia trovejando mais alto que qualquer sonho.

A mesma náusea que visita os poetas pela manhã.

Por que é que as palavras nunca me são suficientes?

Que merda.

Esses dias eu voltei a admirar o abismo.

E então aquela vertigem esfumaçou, desapareceu.

Eu já vi o rosto de tanta gente dentro do rosto de tanta gente.

Menos o meu.

O meu, eu só enxergo no reflexo do abismo.

Lá na beirada da crueza, no fundo escuro.

E eu estou sorrindo e desenhando.

Às vezes o meu corpo queima como plástico.

Então eu não me aproximo mais.

Prefiro ficar por aqui, colecionando pedaços de papel.

E perdendo o fôlego, até que ele se acabe de vez.

2 comentários:

marie. disse...

Mais uma vez, me identifico, Osso. Só queria que vc soubesse disso. ;D


"Essa falta de ar, a angústia trovejando mais alto que qualquer sonho."

Anônimo disse...

muito bom!
uma das melhores mesmoQ
parabens