domingo, março 08, 2009

Republicando: Dura Vida (30/06/2005)

Menina cheia de aromas aquela.

Tinha os traços bem definidos, assim como o corpo, a personalidade, a vontade, os passos.

Disseram-me Mariana. Mas, para mim ela tinha rosto de Joana.

Eu gostava de Joana.

Joana foi o amor primeiro, a única a dominar os percursos racionais da minha vida.

Lembro-me da manhã sem sol, primeiro encontro.

Lembro-me da manhã com sol, segundo encontro.

Terceiro, quarto, décimo.

Eu nunca lhe disse nada, Joana.

Gostava de permancer silente, de te manter só minha no coração.

Distante, eu me mantia fiel. Perseguia-te em inúmeros lugares.

Hoje faz um ano, Joana.

Um ano que respiro melancolia.

Já te vejo em todos os lugares, em todas as nucas.

Gosto da tua sombra, de me sentir parte dela.

O meu pulso segue o ritmo das voltas que você dá.

Pela minha vida, por todos esses dias de silêncio.

Não consigo, Joana.

O primeiro aniversário do mundo cheio de cores.

Já não me parece possível que mesmo em segredo tu não me percebas.

Sempre quieto, mas gigante na determinação.

Os meus olhos abrem somente pra correr atrás do teu sorriso.

Hoje eu comemoro e extravaso.

Não posso, corro cego em teu espaço.

Te encontro.

Pavor, voz que some, fraqueza.

Socorro-me num lampejo solitário de coragem:

- Olá, Joana.
- Joana? Creio que não, me chamo Mariana.

E lá se foi Mariana andando rápido até o fim do horizonte.

Mas Joana permanece, até que o dia em que eu a encontre.

Um comentário:

Anônimo disse...

ciúmes rs